POSTULANTADO
O postulantado é um tempo de preparação ao noviciado (Cf. CC 82; DG 112). Nesta etapa, deve-se tomar consciência dos elementos essenciais que dão à vida um sentido unitário e uma linha de conduta seriamente cristã.
É necessário colocar o candidato na possibilidade de conhecer a sua vocação, de provar a sua disponibilidade, a sua capacidade de se doar, os seus dons naturais, e de progredir na maturidade humana e cristã. Meios eficazes para isso são um melhor conhecimento de si mesmo, a direção espiritual, o contato com a Palavra de Deus, a vida sacramental, a experiência da oração e o amor à Igreja. Exige-se também um conhecimento, nas suas linhas gerais, do carisma de São João de Matha e uma certa experiência de vida comunitária e de vida apostólica trinitária (Cf. CIC cânn. 641-645; PI 44, 90-91).
A Ordem deve ter a possibilidade de avaliar a idoneidade do candidato para a sua entrada no noviciado; por isso, ninguém deve ser admitido sem uma adequada preparação (Cf. CIC cân. 597 § 2; PI 42-43).
ADMISSÃO
Antes da admissão ao postulantado, procurem-se as informações necessárias também com contatos pessoais com o candidato para avaliar sua motivação. Para a admissão, é necessário levar em conta as qualidades físicas, intelectuais, morais e espirituais do candidato. Fundando-se sobre isso, pode-se discernir a idoneidade humana, cristã e trinitária e as eventuais contra-indicações. Tenha-se presente o momento concreto de amadurecimento da pessoa, dos seus condicionamentos e possibilidades de desenvolvimento. É importante no candidato um certo equilíbrio afetivo e emotivo. Poder-se-á, eventualmente, recorrer a um exame psicológico, salvando o direito da pessoa de proteger a sua intimidade (Cf. CIC cân. 646).
AMBIENTE E FORMADORES
Cuide-se para que o ambiente de acolhimento do postulantado tenha as condições necessárias. A comunidade acolha o postulante e lhe demonstre um interesse sincero e, ao mesmo tempo, lhe ofereça um testemunho de fraternidade viva, orante e apostólica.
Para o acompanhamento dos postulantes seja nomeado um ou vários religiosos, de modo que os candidatos possam ser encaminhados ao noviciado com os requisitos necessários. Os formadores desta etapa dialoguem e colaborem entre si e com os das outras etapas, especialmente com o mestre dos noviços (Cf. RC 12; PI 44; DG 117b). É importante, também, o contato pessoal dos formadores com a família do postulante. A ação formativa exige um trabalho conjunto (Cf. PI 44).
A responsabilidade última da formação recai sobre o Mestre, ao qual compete manter uma relação mais direta com o postulante. O acompanhamento pessoal e personalizado é um dos meios pedagógicos preferenciais neste momento vocacional. O Mestre é aquele que deve coordenar diretamente a vida do postulante. Na formação do Projeto de Vida peça também a participação ativa dos postulantes.
A comunidade formativa tenha objetivos bem claros para poder planificar, atuar e avaliar tudo o que concerne ao projeto educativo durante o postulantado, tendo em conta cada um dos candidatos.
PROGRAMA FORMATIVO
Com as devidas proporções, que é preciso ter em conta neste programa, trata-se de preparar a pessoa para uma integração harmônica na vida trinitária, para que possa se empenhar em seguir Cristo mais de perto, livre e responsavelmente. O programa de formação responda às necessidades reais do candidato, para que o ajude a precisar a natureza do seu chamado pessoal e a se preparar para o seu ingresso ao noviciado.
a) Dimensão humana
O postulante tem necessidade de ajuda para desenvolver as suas qualidades e atitudes humanas, e para encaminhar-se para um verdadeiro equilíbrio humano e afetivo. É necessário educar os postulantes ao sacrifício e ao trabalho como valores da pessoa, na prospectiva trinitária.
O desenvolvimento da visão de si mesmo, um sadio otimismo no âmbito de se valorizar e se aceitar, a sua reação às tendências atuais do nosso mundo, as relações com os outros, e a sua capacidade de crescimento, de mudança e de adaptação, são sinais preciosos das qualidades humanas do candidato.
b) Vida Espiritual
Na experiência de fé que se exige nesta etapa, a oração é um elemento fundamental e essencial para discernir a própria vocação. A vida espiritual deve-se edificar sobre o fundamento da oração pessoal e comunitária, sobre os sacramentos da iniciação cristã e da Palavra de Deus como vida vivida. O acompanhamento é uma exigência para um bom discernimento vocacional.
É importante ensinar ao jovem a ler a sua própria vida como história de salvação, como passagem da morte à vida, ao homem novo, coisa que supõe uma conversão contínua e progressiva. Guiado por este caminho, o postulante vive sempre mais aberto ao chamado do Senhor.
Trata-se também de completar a formação cristã do postulante e que adquira um maior conhecimento da história da salvação e do significado da vida religiosa como uma alternativa de vida cristã.
c) Experiência de vida comunitária
A vida comunitária é um elemento essencial do estilo de vida religioso-trinitário. Esta etapa de formação introduz o postulante numa experiência de vida comunitária. Estando reunidas juntas pessoas de diversos temperamentos, experiências passadas e características pessoais próprias, os candidatos procurem criar uma atmosfera de respeito mútuo, de comunicação responsável e diálogo que caracterizam a unidade da fraternidade cristã. Deste modo, o candidato encontrará um ambiente onde se respira o encontro com Cristo.
d) Serviço e testemunho apostólicos
O postulante seja iniciado na formação apostólica e seja sensibilizado na ajuda aos outros, sobretudo através da participação nos projetos de serviços programados. Assim se introduzirá gradualmente nas exigências próprias da vida religiosa trinitária e aprenderá a viver, para a glória da Trindade, a serviço da Igreja e dos homens.
e) Dimensão intelectual
O objetivo da dimensão cultural e acadêmica do programa do postulante é aquela de conseguir uma abertura de mente e de espírito, e a aquisição de uma perspectiva religiosa sobre o mundo e a humanidade, e, ao mesmo tempo, de levar avante responsavelmente os estudos e os programas do curso acadêmico. Para os irmãos não clérigos façam-se programas concretos adaptados às suas capacidades e inclinações.
f) Vida trinitária
O programa do postulante tenha presente que os candidatos têm necessidade de tempo e meios para entrar progressivamente em nosso carisma e missão, no espírito da Regra de São João de Matha. O postulante receba também informações sobre a Família Trinitária.
A aproximação aos Santos da Ordem, como fonte direta e testemunhas do seguimento de Cristo, ajuda o autêntico discernimento vocacional.
A iniciação àquilo que é o noviciado trinitário pertence também ela a este momento da formação.
OUTRAS ORIENTAÇÕES
Tendo presente quanto dispõe a nossa legislação (Cf. DG 117ab) sobre a duração do postulantado, cada Província, Vicariato ou Delegação pode ter critérios próprios. Todavia, o critério principal seja uma boa preparação ao noviciado. Por isso, mais que fixar limites de tempo “a priori”, deve-se ter em conta a evolução pessoal do candidato e da esperança que dá de estar preparado para começar com proveito o noviciado.
Conquanto que se respeite o critério que o postulantado é tempo de preparação em vista do noviciado, podem-se ter vários modos para realizá-lo, sobretudo em casos particulares, por razões de trabalho, de estudo, etc. É necessário que seja assegurado um bom acompanhamento.